Por Dr. Gustavo Carbonari
Olá, eu sou o Dr. Gustavo Carbonari, Pediatra. Hoje estou aqui para conversar com vocês de umas das queixas que mais ouço no consultório: dor de barriga. Sim. Dor de barriga é algo extremamente comum nas crianças, mesmo porque, muitas vezes, ela não sabe identificar muito bem o ponto exato da dor. Por isso, é sempre bom ficar atento ao que a criança diz. Apesar de ela ser pequenininha, deve ser ouvida, pois raramente reclamam à toa. Analise também a frequência com que está reclamando, se foi uma única vez, ou se está recorrente, assim como a intensidade e localização da dor. As dores próximas ao umbigo são mais características das dores crônicas. Quando se afastam do umbigo, estão mais relacionadas a dores agudas. Mamães e papais também sempre devem ficar de olho no xixi e no cocô. Mudança de cor e odor pro xixi pode indicar infecção ou problemas renais e o cocô não pode mole, com muco ou sangue, jamais.
O COVID 19 também entrou para complicar um pouco o diagnóstico, porque cerca de 30% das crianças infectadas têm tido diarreia e cólicas, mas é preciso observar o histórico para avaliar a possibilidade de contágio ou se é outra situação. Hoje apresento a você as razões mais comuns de cólicas nas crianças para que consigam reconhecer, mas nunca deixe de levar ao pediatra!
Cólica do lactente
Apesar de as mamães quase enlouquecerem com a choradeira, a cólica do lactente é fisiológica, ou seja, precisa acontecer pois está preparando os intestinos do bebê para o seu funcionamento correto, é benigna, portanto, é mais comum a partir dos 15 dias de vida, e praticamente todos os bebês têm. As crianças alimentadas com fórmula tendem a ter mais cólicas do que as alimentadas com o leite materno.
Alergias alimentares
Quando existe uma alergia alimentar, ela desencadeia um processo inflamatório que pode causar refluxo e gastrite, ficar constipadas ou ter diarreia com ou sem presença de muco. Os alimentos que mais causam alegrias alimentares são a banana, leite de vaca, trigo e ovos.
Infecção do trato urinário
É muito comum em crianças pequenas e, apesar de ser uma dor abaixo do umbigo, pode ser confundida com dor de barriga e reclamar de desconforto ao fazer xixi. Ele pode apresentar febre, apesar de não ser uma regra e neste caso, precisará de tratamento específico.
Intestino preso
Quando as crianças não se alimentam adequadamente e ainda têm baixa ingestão de fibras e tomam pouca água, todos esses fatores podem prender
o intestino, gerando gases e, consequentemente, dores.
Origem emocional
Na pandemia, têm surgido muitos casos de crianças com dores causadas pela instabilidade emocional, mas para descartar qualquer outro problema e fazer o diagnóstico adequado, é importante consultar o pediatra.
Doenças do estômago
Aqui entram gastrite, esofagite e refluxo. São dores localizadas na região do estômago, somando-se sintomas como enjoo, azia e queimação
Gastroenterite
Também denominada de gastroenterocolite aguda (GECA), é a popular virose. São muitos os tipos de vírus que causam o transtorno, que dura cerca de 72 horas. Costuma vir acompanhado de náusea, vômito, febre, diarreia, mal-estar. Em poucas horas se resolve. Nesses quadros, é importante dar atenção à hidratação. Menos recorrentes, também existem as gastroenterites bacterianas. Nesse caso, há um quadro mais intenso de diarreia, com possibilidade de sangue nas fezes. O tratamento envolve antibiótico.
Doenças inflamatórias intestinais
Apesar de mais raras, as doenças inflamatórias também geram dores de barriga e não podem ser descartadas. As mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Além das dores, também causa sangue nas fezes, diarreia e pode haver perda de peso. Não é algo que dê para ignorar. No Crohn, a criança também pode ter dor articular e muitas aftas. Esses casos demandam investigação e tratamento específico. A indicação é que o paciente seja acompanhado por um gastropediatra.
Viu que a lista é enorme, não é? Então qualquer alteração, já sabe! Corra para o seu pediatra pois só ele poderá fazer uma avaliação e medicar adequadamente o seu filhinho!
Um grande abraço,
Dr. Gustavo Carbonari
CRM 142. 552