Otto Felix: Arquitetura renovável

Por Otto Felix

Iniciar um projeto de arquitetura ou uma obra, requer considerar diversos pontos para garantir a qualidade e o custo-benefício. A técnica construtiva a ser adotada é, na maioria dos casos, o primeiro fator que deve ser avaliado, tanto nas questões de execução, quanto no processo decorrente deste – tempo, custo integral, mão de obra, acabamentos e qualidade final. A sustentabilidade, que é uma característica ou condição relacionada ao cuidado com o meio ambiente, é uma cultura que vem crescendo e já está impregnada na rotina diária de inúmeras pessoas que, muitas vezes, acabam optando por inclui-la em seus futuros projetos – seja do lar, da empresa ou do escritório. “Este é um conceito muito amplo que vai, desde o fornecedor que escolhemos para realizar o projeto, até a promoção da comunidade local”, explica o conceituado arquiteto Otto Felix.

Em projetos arquitetônicos, muito se fala sobre reduzir ou evitar completamente o esgotamento de recursos críticos como a energia, a água, a terra e matérias-primas, prevenindo também, a degradação ambiental, que pode ser causada por instalações e infraestruturas. Todo esse cuidado acaba gerando ambientes habitáveis, confortáveis, seguros, produtivos e amigos da natureza, planejados com estruturas como o Wood frame – um sistema muito difundido no território americano, que possuí consumo de energia no processamento proveniente de fontes renováveis e alta resistência a cargas, apropriando-se de componentes estruturais em madeira – e o Steel frame – difundido nos países europeus, tem como principal característica a utilização de perfis de aço – ambos, substituindo os blocos cerâmicos e/ou concreto. “A arquitetura com recursos renováveis ou sustentável, é aquela normalmente desenvolvida em sua grande maioria em madeira. Isso gera pouco desperdício de materiais e abre possibilidades para construção em wood frame e o próprio steel frame, que, apesar de ser em aço, são construções à seco que não utilizam água”, comenta Felix.

A arquitetura enfrenta desafios únicos para atender às demandas por instalações mais renováveis, que sejam acessíveis, saudáveis e minimizem os impactos negativos no meio ambiente. Projetar grandes reformas e modernizações para que as obras incluam atributos de projetos sustentáveis, pode acarretar num maior custo em toda a obra. “Hoje existem as construções em Madeira Laminada Colada (MLC), totalmente renovável. É por meio destas que temos feito muitos projetos sustentáveis, afinal, esse tipo de material é o que gasta menos carbono. Mesmo tendo opções para obras mais amigas da natureza, a construção convencional acaba sendo a opção mais barata, uma vez que, a mão de obra, é pouco especializada. Acredito que muitos destes problemas ainda precisam ser vencidos para que uma construção mais industrializada, mais renovável, fique ainda mais difundida”, anseia o arquiteto.

Embora a arquitetura sustentável evolua ao longo do tempo, para Felix, cuidar do planeta começa nas questões do dia a dia. “Tem uma emergência global em mudar a cultura das pessoas, se tornarem mais preocupadas com o cuidado das matas, das florestas, das cidades. Ser sustentável vai muito mais de encontro à cultura, o que você faz no seu dia a dia, do que com a construção da casa em si. Nas obras e projetos, tentamos usar cada vez mais materiais renováveis, mas o que verdadeiramente pode mudar o futuro, são as práticas sustentáveis”, diz Otto Felix, que finaliza dizendo que “não comprar nada que venha embalado em plástico e/ou isopor, separar o lixo em casa e chamar um catador para garantir que isso vire renda para ele, não consumir nada industrializado, e até colocar como rotina a utilização da sacola ecológica nas idas ao supermercado, já são atitudes do cotidiano que marca a consciência sustentável. É um começo maior que pode surpreender no futuro do planeta!”, conclui.

 

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